29 de mai. de 2008

O Paradoxo da Parada Gay



A Parada do Orgulho GLBT de São Paulo começou em 1996, mas chamou a atenção do mundo a partir de 2004, quando passou a ser oficialmente a maior do planeta. Sempre exaltando a diversidade e pedindo o fim do preconceito, o evento se transformou de pequena manifestação política em mega-evento turístico. Tudo regado a um divertido humor colorido, que aos poucos foi chamando atenção de cada vez mais simpatizantes das mais variadas preferências sexuais.

Com o passar dos anos a festa foi virando um carnaval fora de época misturado com rave, que passou a atrair cada vez mais gente, de todo tipo: casais variados, velhos, crianças, andróginos, cachorros, curiosos, jovens cheios de hormônios, meninas que beijam meninas por modinha... Era a variedade costumeira de uma metrópole gigantesca como São Paulo reunida em uma região durante um dia inteiro. E com cada vez mais gente, o foco da parada foi mudando um pouco. Porque começou a ir muita gente que não estava nem aí para reinvidicações políticas e sim a fim de beijar todo mundo, encher a cara e cair na farra.

A popularidade do evento cresceu exponencialmente e o número de problemas acompanhou esse ritmo. Furtos, brigas, excessos de toda sorte, intoxicações, reclamações sobre a frequência do envento. Heterossexuais reclamando de carícias exageradas em público e de pessoas semi-nuas pelas ruas e homossexuais dizendo que o evento estava sendo invadido por heteros e por pessoas cada vez mais "feias". Realmente, a fama da festa quebrou barreiras, atraindo desde gringos altos e loiros até moradores das mais diversas periferias desacostumados a grandes "festas de arromba". Alguns homossexuais dizem que muitos heteros vão só pra zoar além de não se comprometerem com as causas e que isso tudo queima o filme do evento.

Nesse ano, mais incidentes, mais roubos, mais "gente pobre e feia", mais comas alcóolicos e mais rejeição mútua em algumas camadas do público da parada. A Polícia Militar decidiu não fazer a contagem oficial de participantes, o que levou o Guiness Book a retirar a Parada Gay de São Paulo do topo do ranking das maiores do mundo. A antes desejada aceitação de todas as camadas da sociedade fugiu um pouco de controle em meio a comportamentos clichês de todas as partes, sob o som dos mesmos hinos gay de sempre ou dos repetitivos psy trance, e a Parada perdeu um pouco seu brilho.

Já tem gente querendo que ela diminua um pouco de tamanho e até quem seja a favor de restringir a parada apenas aos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trangêneros, como diz a sigla (GLBT).

Mas restringir a frequência da parada não é ir contra a tal diversidade tão desejada desde o início?

2 comentários:

disse...

me roubaram nesse lixo, nao vou nunca mais. grata.

Rodolfo Mieskalo disse...

Putz! Você também?

Já é a quinta pessoa que me diz que foi roubada por lá!